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29 de jun. de 2009

Fome no mundo!!

A crise econômica aumentou em 100 milhões de pessoas o contingente de famintos em todo o planeta, segundo levantamento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). De acordo com a pesquisa, o desemprego dificultou o acesso dos mais pobres à comida. O reajuste constante no preço dos alimentos também contribui para o agravamento dessa situação, registrada em quase todos os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. O Oriente Médio e o norte da África tiveram o maior crescimento no número de famintos: 13% dos moradores dessas regiões. A situação é dramática na África Subsaariana, onde 32% das pessoas estão na miséria absoluta. A América Latina e o Caribe, que apresentavam melhores, estagnaram no combate à fome.

1 bilhão de famintos

Nações Unidas registram aumento de 100 milhões no número de pessoas com fome no mundo e atribuem crescimento ao impacto da crise econômica. Ásia e ilhas do Pacífico lideram ranking da falta de alimentos.

Rodrigo Craveiro Isaiah Chindumba, de 48 anos, não integra a parcela dos 5,5 milhões de zambianos com desnutrição crônica, o equivalente a 47% da população do país situado no sul da África. No entanto, ele admite ao Correio que conhece muitas pessoas que enfrentam a fome. “A escassez de alimentos é um problema em qualquer lugar. A questão principal é que as pessoas não têm dinheiro, principalmente aquelas de baixa renda”, afirma. No mundo, o número de famintos passa de 1,02 bilhão de famintos — um aumento de 100 milhões desde o ano passado. Os dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, pela sigla em inglês) revelam que um sexto da população do planeta não tem o que comer. A menos que ações substanciais sejam tomadas imediatamente, a expectativa é de que a meta de redução de famintos para 420 milhões até 2015 não será alcançada.

A crise alimentar foi agravada pelo colapso da economia mundial, que aumentou o desemprego e reduziu o acesso dos mais pobres aos alimentos. A FAO usou a Zâmbia como exemplo e citou que o povo daquele país tem sofrido com a falta de refeições e a saúde fragilizada. “Uma perigosa combinação da recessão econômica global com os preços insistentemente altos de alimentos em muitos países tem empurrado mais 100 milhões de pessoas à fome crônica e à pobreza”, declara Jacques Diouf, diretor-geral da FAO. “Essa crise silenciosa da fome — que afeta um em cada seis seres humanos — é um sério risco à paz e à segurança mundiais. Precisamos criar com urgência um amplo consenso para a erradicação rápida e completa da fome no mundo e dar os passos necessários”, acrescenta.
Tendência nos últimos anos, o número de vítimas da falta de comida aumentou em todo o planeta, com exceção da América Latina e do Caribe. Quase todos os subnutridos estão nos países em desenvolvimento. Segundo a FAO, a insegurança alimentar golpeia sem clemência principalmente a Ásia e o Pacífico, com 642 milhões de famintos. A África Subsaariana, da qual a Zâmbia faz parte, detém alta prevalência de desnutridos (32% da população total). O Oriente Médio e o Norte da África registraram o maior aumento no número de pessoas com fome (13,5%). Até recentemente, a América Latina e o Caribe era a única região que apresentava sinais de melhora. No entanto, 12,8% dos habitantes sofrem com o problema.

Em entrevista ao Correio, o norte-americano Matt Roney — especialista do Earth Policy Institute (em Washington) — concorda que a crise atual reduziu o poder de compra dos mais pobres, enquanto os preços de alimentos considerados commodities triplicaram entre 2006 e 2008. “O aumento da fome é uma tendência em evidência que começou no fim da década de 1990, e há mais razões crônicas e fundamentais para isso: os agricultores estão tendo menos tempo para produzir alimentos que sustentem a população mundial em crescimento; boa parte dela se move para cima da cadeia alimentar e vem comendo mais grãos; entre outras”, explica. “A conclusão mais preocupante do estudo da FAO é de que não há sinais de que o número de famintos vai parar de crescer.”

Roney também considera incômodo o fato de que China e Arábia Saudita estão comprando terras cultiváveis em países subdesenvolvidos, como o Sudão, com o objetivo de produzir alimentos para exportá-los de volta para seus próprios territórios. “Esse esforço em aumentar a segurança alimentar está sendo feito às custas da segurança alimentar de pessoas em países ‘anfitriões’, muitas das quais dependem de ajuda internacional para sobreviverem”, acrescenta o especialista. Entre os riscos provocados pela fome, ele cita uma maior possibilidade de levantes e instabilidade
socioeconômica.

Para Roney, o etanol é um dos vilões no processo, ao alavancar o preço do grão. “O mandato do etanol e o subsídio para o combustível baseado em grãos são amplamente responsáveis pela inflação dos alimentos, que empurra mais e mais pessoas à pobreza. Além de provocar números recordes de fome e desnutrição, o etanol obtido de grãos não é a resposta para as necessidades de energia”, afirma. Ele garante que se os Estados Unidos convertessem toda a lavoura de gãos em combustível para carros, supriria apenas 18% da demanda pelo álcool. “Entre 2006 e 2008, os EUA quase dobraram a quantidade de milho transformado em etanol (40 milhões de toneladas); isso seria suficiente para alimentar 130 milhões de pessoas por um ano.”

Da Redação

Em 6 de outubro passado, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) exigiu a revisão das políticas de biocombustíveis e subsídios, “para preservar a segurança alimentar, proteger agricultores pobres, promover o desenvolvimento rural e assegurar a sustentabilidade ambiental”.

A mensagem foi a tônica do relatório O estado do alimento e da agricultura. Segundo o documento, a produção de biocombustíveis baseados em commodities agrícolas aumentou mais de três vezes entre 2000 e 2007. A FAO previu um aumento na fabricação desses produtos, mas alertou que a energia global seguirá limitada. “Biocombustíveis apresentam oportunidades e riscos. O resultado depende do contexto específico do país e das políticas adotadas”, declarou, na ocasião, o diretor-geral Jacques Diouf.
Fonte: Correio Braziliense

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